Perigo Online

Por Lais Souza

     Vocês já ouviram falar em Sexting? Essa palavra é a junção de Sex com Texting, que significa enviar mensagens, fotos ou vídeos com conteúdo sexual através do celular. Vários casos estão acontecendo atualmente, incluindo em Lençóis Paulista. Os pais nem imaginam que os filhos estejam participando dessa prática, que não atinge classe social, e acabam descobrindo apenas quando as imagens já estão na rede. Segundo a Psicóloga Néia Nogueira, os vídeos e fotos representam a manifestação dos desejos e ainda a questão de autoafirmação. Esses adolescentes, com idades entre 13 e 15 anos, estão na fase das descobertas, com os hormônios à flor da pele, e os desejos sexuais querendo ser colocados em prática, por isso, essa mania atingiu com força total essa faixa etária.

“Existem vários fatores que podem influenciar os adolescentes. O desajuste nas estruturas familiares pode ser um dos aspectos que colaboram para tais comportamentos. Os papéis que deveriam ser dos pais, como o de formar a personalidade primitiva da criança através da socialização em família, da imposição de limites, valores e regras estão sendo cada vez mais atribuídas às escolinhas e creches. As escolas não conseguem oferecer de maneira individualizada tudo que a criança precisa, pois o papel da escola é dar um suporte e trabalhar mais no sentido educativo (alfabetização e socialização)”, explica. Outro ponto importante é a influência da mídia e a imposição dos padrões de beleza. Os jovens estão na fase em que são surpreendidos pelo próprio potencial corporal e a supervalorização do corpo “perfeito” acaba se tornando um incentivo à exposição da figura. Na adolescência, os atributos físico já são investidos de muitas fantasias e desejos, que quando incentivados pela mídia podem causar atitudes e comportamentos indesejáveis. Os meios de comunicações também podem facilitar essa nova prática, novos recursos e aplicativos de fácil acesso divulgam em tempo real qualquer conteúdo. Mais um aspecto importante é o distanciamento dos jovens de questões religiosas, pois as religiões costumam impor algumas regras e limites, além de resgatar alguns valores pautados em suas doutrina, os quais poderiam servir de suporte para os jovens.

         Para a psicóloga, o contato entre pais e filhos é essencial para evitar esses problemas. “Cada fase na vida dos filhos vai exigir necessidades diferentes dos pais, que devem estar sempre atentos, lembrando que são espelhos para os filhos. Também é importante saber acolher, ouvir e nunca perder a autoridade, pois é através dessas imposições de regras e punições que os filhos vão internalizando e compreendendo os padrões morais”.

         Mas se o problema já aconteceu é preciso entender a causa e buscar maior aproximação. “As consequências são frustrantes tanto para os adolescentes quanto para os pais, mas podemos tirar algumas lições com os erros para aprender algo. Os pais devem compreender o que levou o adolescente a agir dessa maneira, questionar os objetivos e ainda colocar as consequências do ato cometido. Com base nessas informações, fazer algumas orientações sobre a necessidade de valorizarmos nosso corpo e, também, sobre valores e princípios socioculturais", finaliza. A punição não resolverá o problema. Caso os pais se sintam despreparados para tal conversa o ideal é procurar a ajuda de um profissional.

Néia Nogueira - Psicóloga Clínica 

CRP: 114589

Contato: (14) 9 9712-6389